quarta-feira, 28 de novembro de 2018

VEJA.com Príncipe saudita tem garantia de não ser preso em Buenos Aires


Príncipe saudita tem garantia de não ser preso em Buenos Aires


O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman, desembarca em Buenos Aires para a reunião do G20: prestação de contas a líderes mundiais – 28/11/2018© Argentine G20 O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman, desembarca em Buenos Aires para a reunião do G20: prestação de contas a líderes mundiais – 28/11/2018
Pronto para sua primeira aparição em um foro internacional desde o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman, terá a garantia argentina de não ser preso durante a a reunião de cúpula do G20, entre sexta-feira e sábado em Buenos Aires.
Bin Salman desembarcou na capital da Argentina às 8h (horário de Brasília) desta quarta-feira (28). Ele é alvo de uma denúncia na Justiça do país apresentada na última segunda-feira (26) pela organização Human Rights Watch, que invocou uma legislação argentina para solicitar a investigação do príncipe saudita pela morte de Khashoggi e por crimes contra a humanidade no conflito no Iêmen.
Nesta manhã, o procurador federal argentino Ramiro González pediu à Justiça o envio de cartas rogatórias para a confirmação do status do príncipe saudita e a definição se competirá ao Judiciário do país decidir sobre a prisão preventiva de Bin Salman. Na prática, segundo o jornal argentino Clarín, as medidas tomadas pelo procurador tornarão inviável a prisão do governante saudita durante sua estada no país.
Se aparentemente está protegido da ação judicial no país anfitrião do G20, Bin Salman não estará totalmente a salvo de protestos populares e do criticismo dos líderes reunidos em Buenos Aires. Em seu trajeto para a Argentina, o príncipe herdeiro foi alvo de manifestações na Tunísia, o quarto ponto de uma série de visitas que fez a países árabes.
Outdoor na sede da União dos Jornalistas, durante a passagem de Bin Salman por Tunes: “não à profanação da Tunísia, a terra da revolução” – 26/11/2018© Fornecido por Abril Comunicações S.A. Outdoor na sede da União dos Jornalistas, durante a passagem de Bin Salman por Tunes: “não à profanação da Tunísia, a terra da revolução” – 26/11/2018
Berço da Primavera Árabe, o movimento pró-democracia que se espalhou pelos países do norte da África e Oriente Médio em 2011, Tunes recebeu o príncipe com um protesto de centenas de pessoas contra sua presença no país, segundo a rede de televisão americana CNN. “Nenhum olá e nem bem-vindo para o assassino de crianças no Iêmen”, dizia um dos cartazes.
A sede do Sindicato de Jornalistas da Tunísia cobriu parte de sua fachada com um outdoor no qual se vê a imagem de Bin Salman de costas, com a mão direita sobre uma motosserra. Tratou-se de uma referência ao assassinato e desmembramento do corpo de Khashoggi no consulado saudita em Istambul, na Turquia, no início de outubro. Bin Salman é apontado pelas autoridades turcas como o mandante do crime contra o jornalista, um opositor do regime que vivia exilado nos Estados Unidos.
“Não à profanação da terra revolucionária da Tunísia”, dizia a ilustração.Mulheres da Tunísia seguram serras durante protesto contra a presença do príncipe saudita em Tunes – 27/11/2018© Fornecido por Abril Comunicações S.A. Mulheres da Tunísia seguram serras durante protesto contra a presença do príncipe saudita em Tunes – 27/11/2018
No encontro do G20, Bin Salman vai enfrentar líderes mundiais cientes do conteúdo de gravações do momento do assassinato de Khashoggi capturadas pelas agências de inteligência de vários países. Entre elas, a americana CIA, que concluiu na semana passada que o príncipe herdeiro pessoalmente ordenou o crime.
Como ministro de Defesa, Bin Salman também deverá se ver diante de críticos da coalizão militar comandada pela Arábia Saudita e pelos Emirados no Iêmen, país assolado pelo conflito entre os rebeldes xiitas houthis e o governo local. A Alemanha, Dinamarca e Finlândia suspenderam suas vendas de armas para a Arábia Saudita na semana passada justamente por causa da atuação saudita no Iêmen, país onde 14 milhões de pessoas estão em risco de morte por fome.

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