Chacina de Unaí: irmãos Antério e Norberto Mânica são julgados pelo TRF-1
Em 1ª instância, dupla foi condenada a 100 anos de prisão. Crime ocorreu em 2004; acusados continuam soltos.
Por G1 DF e TV Globo
O fazendeiro e ex-prefeito Antério Mânica, acusado de ser um dos mandantes da Chacina de Unaí, em imagem de arquivo — Foto: Alex de Jesus/Estadão Conteúdo
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), em Brasília, começou às 14h30 desta segunda-feira (19) o julgamento dos recursos dos irmãos Antério e Norberto Mânica, condenados em primeira instância por serem mandantes da chacina de Unaí.
Se o TRF-1 mantiver a condenação, o Ministério Público Federal (MPF) pede a execução imediata da pena, antes do julgamento de qualquer outro recurso.
No crime, cometido em janeiro de 2004 no Noroeste de Minas Gerais, três auditores fiscais do Ministério do Trabalho e um motorista foram assassinados durante uma investigação de trabalho escravo na zona rural da cidade (relembre no fim da reportagem).
Em 2015, os irmãos Mânica foram condenados em primeira instância a 100 anos de prisão, cada um. Eles foram apontados pela 9ª Vara da Justiça Federal de Belo Horizonte como os mandantes do crime, mas, desde então, aguardam o julgamento dos recursos em liberdade.
O julgamento desta segunda (19) é acompanhado por parentes das vítimas e por fiscais do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait).
Julgamento dos irmãos Antério e Norberto Mânica no TRF-1, em Brasília — Foto: Maíra Alves/G1
O julgamento
O advogado Marcelo Leonardo, que defende Antério Mânica, insistiu que ele não foi mandante do crime. Ele afirmou que o irmão, Norberto, admitiu ser mandante e excluiu a participação de Antério no caso. Esta é a primeira vez que Norberto assume culpa no crime.
Antério Mânica chegou a ser preso provisoriamente em 2004, e foi eleito prefeito de Unaí (MG), pelo PSDB, de dentro da prisão. Ele ficou detido 16 dias, mas conseguiu habeas corpus para assumir o mandato e foi reeleito em 2008.
"Os que mataram [os fiscais] estão presos. Não se pode falar que tenha impunidade nesse caso. Contra Mânica não se tem nenhuma prova", disse o advogado, durante a sustentação oral.
A assistente de acusação, Ana Maria Prates, disse que os fiscais assassinados "fiscalizavam atentados contra a dignidade humana e foram mortos por isso" e afirmou que "há, sim, que se falar em impunidade". "Os mandantes não estão presos. Nenhum. Todos estão soltos", disse.
Apesar dos argumentos da defesa, o procurador da República Wellington Bonfim defendeu que seja mantida a sentença de 100 anos de prisão para os irmãos Norberto e Antério Mânica. "Não há nulidades. Não cabe anulação quando jurados optam por uma linha de interpretação", sustentou.
Até as 15h45, o julgamento ainda não havia se encerrado.
O fazendeiro Norberto Mânica, acusado de ser um dos mandantes da Chacina de Unaí, em imagem de arquivo — Foto: Reprodução GloboNews
Chacina de Unaí: relembre o crime
Em 28 de janeiro de 2004, os auditores fiscais do Ministério do Trabalho Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves, e o motorista Aílton Pereira de Oliveira foram assassinados em uma emboscada na região rural de Unaí.
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