segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Governador fala sobre exoneração de delegados regionais: 'não tem interferência política'

Por TV Anhanguera e G1 Tocantins
 

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Governador Mauro Carlesse fala pela primeira vez sobre exonerações de delegados
O governador Mauro Carlesse (PHS) falou pela primeira vez sobre a exoneração de 12 delegados regionais dos cargos de chefia. Ele afirmou que a decisão não foi política e ainda anunciou que novos cortes serão feitos. A polêmica começou porque um dos exonerados era responsável por coordenar investigações contra o pai do deputado estadual Olyntho Neto (PSDB), que era líder do governo, mas renunciou a posição nesta segunda-feira (19) depois das polêmicas.
"Não tem interferência política, não. Tem um projeto político. Tem um projeto de redução de despesas que o secretário está tomando providência e a partir de hoje vocês vão estar informados do enquadramento", disse o governador durante um evento em Palmas. (Veja vídeo)
Entre os delegados regionais que perderam os cargos está Bruno Boaventura, responsável pela regional de Araguaína. Ele coordenava as investigações de um galpão encontrado com quase 200 toneladas de lixo hospitalar. O galpão foi ligado ao deputado estadual Olyntho Neto (PSDB) e a empresa que coletava o lixo ao pai do parlamentar, o ex-juiz eleitoral João Olinto.
O deputado negou envolvimento no escândalo do lixo. Ele também renunciou a liderança do governo na Assembleia Legislativa. Em nota ele disse que a decisão foi "para que o mesmo continue firme no seu propósito de reorganizar e desenvolver nosso querido Estado do Tocantins, sem vínculo com qualquer fato alheio ao seu desejo de trazer dias melhores para o povo tocantinense."
Olyntho Neto seria o dono de galpão encontrado com quase 200 toneladas de lixo hospitalar — Foto: AL/DivulgaçãoOlyntho Neto seria o dono de galpão encontrado com quase 200 toneladas de lixo hospitalar — Foto: AL/Divulgação
Olyntho Neto seria o dono de galpão encontrado com quase 200 toneladas de lixo hospitalar — Foto: AL/Divulgação
Além dos delegados, o governo dispensou 149 pessoas de cargos de chefia exercidos na Secretaria de Segurança Pública do Tocantins. Entre eles, servidores da Delegacia Especializada no Combate aos Crimes contra a Administração Pública (Dracma) de Palmas.
A Dracma está investigando o deputado Olyntho Neto (PSDB) por ceder um carro e um segurança da Assembleia para o irmão transportar uma mala com R$ 500 mil na véspera das eleições.
O secretário de segurança pública Fernando Ubaldo foi questionado pela reportagem da TV Anhanguera sobre a crise na pasta. "É circunstancial, depois a gente resolve isso", afirmou.
O secretário-chefe da Casa Civil, Rolf Vidal, afirmou que os cortes fazem parte de um pacote de redução de gastos e os nomes indicados partiram do próprio secretário de Segurança Pública. "Toda e qualquer movimentação de pessoal é chancelada pelo gestor da pasta."
Além disso, negou interferências políticas. "Não ocorrerá nenhuma mudança na titularidade dos inquéritos policiais instaurados em todo o estado em qualquer regional. A casa Civil e o governo do estado refurta veementemente qualquer situação nesse sentido", afirmou.
Delegado Bruno foi exonerado do cargo de delegado regional — Foto: Reprodução/TV AnhangueraDelegado Bruno foi exonerado do cargo de delegado regional — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Delegado Bruno foi exonerado do cargo de delegado regional — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Entenda

Doze delegados regionais do Tocantins foram exonerados dos cargos de chefia. Um dos afetados foi o delegado regional de Araguaína, Bruno Boaventura. Ele comandou casos de grande repercussão e atualmente estava à frente das investigações sobre um galpão encontrado com quase 200 toneladas de lixo hospitalar irregular.
O local foi ligado pela Polícia Civil ao ex-juiz eleitoral João Olinto, que é pai do deputado estadual Olyntho Neto (PSDB). O parlamentar é líder do governo na Assembleia Legislativa do Tocantins. A decisão foi publicada no Diário Oficial na noite de sexta-feira (16) e o delegado acredita estar sofrendo retaliação por parte do governo.

Investigação

Dois inquéritos foram abertos pelo Ministério Público para apurar a exoneração dos delegados regionais da Polícia Civil. Uma das investigações foi aberta pela promotoria de justiça em Palmas e a outra em Gurupi, ambas nesta segunda-feira (19).
O inquérito aberto pela promotoria de Justiça de Palmas busca investigar se integrantes do poder executivo praticaram atos de improbidade administrativa ao exonerar o delegado regional de Araguaína, Bruno Boaventura, e servidores da a Delegacia Especializada no Combate aos Crimes contra a Administração Pública (Dracma) de Palmas.
Já a investigação aberta pela promotoria de Gurupi tem como objetivo apurar se a decisão de exonerar o delegado regional de Araguaína, Bruno Boaventura, foi tomada por motivações políticas, "em retaliação ao trabalhado desenvolvido pela referida autoridade policial, especialmente em razão de diligências investigativas envolvendo parentes do deputado estadual Olyntho Neto".

Escândalo do lixo

A polêmica envolvendo o lixo hospitalar começou quando um galpão foi encontrado com quase 200 toneladas de resíduos. No galpão deveriam funcionar duas empresas cadastradas no nome do deputado estadual Olyntho Neto (PSDB), filho de João Olinto. O parlamentar negou envolvimento.
Segundo a Polícia Civil, a empresa que fazia a coleta dos resíduos é do ex-juiz eleitoral João Olinto, que é pai do deputado. Ele e duas sócias da firma Sancil Sanantonio tiveram a prisão decretada e são considerados foragidos.
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