EDUCAÇÃO AMBIENTAL E TURISMO EDUCACIONAL NA
REGIÃO DA CHAPADA DIAMANTINA – BA
ENVIRONMENTAL EDUCATION AND EDUCATIONAL TOURISM IN THE
REGION OF CHAPADA DIAMANTINA – BA
EDUCACIÓN AMBIENTAL Y TURISMO EDUCATIVO EN LA REGIÓN DE
LA CHAPADA DIAMANTINA – BA
Fredson Pereira da Silva
Mestrando em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental pela Universidade do Estado da Bahia –
UNEB/Juazeiro. Especialista em Ensino de Geografia e Licenciado em Geografia pela
Universidade de Pernambuco – UPE/Petrolina.
fredson_psilva@hotmail.com
Márcia Evangelista Sousa
Mestranda em Formação de Professores e Práticas Interdisciplinares (PPGFPPI), Especialista em
Ensino de Geografia e Licenciada em Geografia pela Universidade de Pernambuco –
UPE/Petrolina.
marah-sousa@hotmail.com
Recebido para avaliação em 15/04/2017; Aceito para publicação em 28/04/2017.
RESUMO
O presente estudo apresenta o grande potencial turístico das paisagens naturais dos municípios de
Lençóis, Iraquara e Mucugê, resultantes da biodiversidade e geodiversidade local. Essa diversidade
possibilita a realização de aulas de campo, uma vez que é possível verificar várias formações
geológicas e geomorfológicas que testemunham diferentes eventos geológicos, como também a
presença da transição dos biomas Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica, evidenciando o potencial
pedagógico existente nessa área. Diante disso, objetivou-se descrever o grande potencial turístico e
pedagógico de algumas paisagens presentes nos municípios supracitados e sua relação com a
educação ambiental. O método científico utilizado para a referida pesquisa foi o exploratório,
seguindo os seguintes procedimentos metodológicos: levantamento bibliográfico dos aspectos
físicos, econômicos e sociais; trabalho de campo e discussão dos resultados. É notável o
crescimento do turismo nessa região, propiciado pelos inúmeros elementos naturais como às
formações rochosas, grutas, cachoeiras entre outras, contribuindo com o desenvolvimento e o
aumento da renda para a população local. A atividade turística também contribui com a
aprendizagem, possibilitando ao visitante a compreensão da dinâmica da paisagem e a importância
da conservação do meio natural, pois o turismo não deverá ser restringir apenas ao lazer, mas
também a educação ambiental.
Palavras-chave: Paisagem; Aula de Campo; Ensino.
ABSTRACT
The present study presents the great tourist potential of the natural landscapes of the municipalities
of Lençóis, Iraquara and Mucugê, resulting from the biodiversity and local geodiversity. This
diversity makes possible the accomplishment of field lessons, since it is possible to verify several
geological and geomorphological formations that witness different geological events, as well as the
presence of the transition of the Caatinga, Cerrado and Atlântica forest biomes, evidencing the
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pedagogical potential in this area. The objective was to describe the great tourist and pedagogical
potential of some landscapes present in the municipalities mentioned above and its relation with
environmental education. The scientific method used for this research was exploratory, following
the following methodological procedures: bibliographic survey of the physical, economic and social
aspects; Fieldwork and discussion of results. It is notable the growth of tourism in this region,
propitiated by the innumerable natural elements such o rock formations, caves, waterfalls among
others, contributing to the development and increase of income for the local population. The
tourism activity also contributes to learning, enabling the visitor to understand the dynamics of the
landscape and the importance of conservation of the natural environment, since tourism should not
be restricted only to leisure, but also environmental education.
Keywords: Landscape, Field Class; Teaching.
RESUMEN
Este estudio presenta el gran potencial turístico de los paisajes naturales de Lençóis, Iraquara y
Mucugê, resultantes de la biodiversidad y geodiversidad local. Esa diversidad permite la realización
de clases de campo, ya que es posible ver varias formaciones geológicas y geomorfológicas que son
testigos de diferentes eventos geológicos, así como la presencia de la transición de los biomas
Caatinga, Cerrado y Mata Atlántica, destacando el potencial pedagógico existente en esta zona. El
objetivo de la investigación fue describir el potencial turístico y educativo de unos paisajes presentes
en los municipios antes mencionados y su relación con la educación ambiental. El método
científico utilizado fue el exploratorio, siguiendo los siguientes pasos metodológicos: revisión de la
literatura de los aspectos físicos, económicos y sociales; trabajo de campo y discusión de los
resultados. Es notable el crecimiento del turismo en esta región, que fue proporcionada por
numerosos elementos naturales como las formaciones rocosas, cuevas, cascadas, entre otros, que
contribuyen al desarrollo y el aumento de los ingresos para la población local. La actividad turística
también contribuye al aprendizaje, lo que permite al visitante a entender la dinámica del paisaje y la
importancia de la conservación del medio ambiente natural, porque el turismo no debe ser
restringido sólo al ocio, sino también la educación ambiental.
Palabras clave: Paisaje; Clase de Campo; Enseñanza.
INTRODUÇÃO
Devido ao crescimento das cidades e a agitação que ocorre no dia a dia, muitas pessoas vêm despertando interesse por lugares que proporcionem sossego e descanso. Essa realidade vem contribuindo bastante para o desenvolvimento do turismo em áreas naturais, o que possibilita um maior incremento econômico em áreas tradicionalmente deprimidas (TRZASKOS, 2011; FRANÇA, 2015).
Dessa forma, o turismo em áreas naturais tem promovido horas de lazer e também de conscientização a sociedade na conservação do meio ambiente, favorecendo a realização da diversão, do conhecimento e da sustentabilidade (CASTRO, 2010a). Muitos trabalhos científicos têm discutido sobre temas relacionados à preservação e conservação da paisagem natural, como também a contribuição da atividade turística na conservação ambiental.
Nesse âmbito Oliveira et al. (2005) ressaltam a utilização de programas de computadores, imagens de satélite e visitas de campo para o inventário e a |Educação ambiental e turismo educacional na região da Chapada Diamantina – BA| |Fredson Pereira da Silva | Márcia Evangelista Sousa| InterEspaço Grajaú/MA v. 3, n. 8 p. 304-316 jan./abr. 2017 Página 306 catalogação dessas paisagens, no intuído de desenvolver mais estudos que promovam a conservação das mesmas. Por este motivo foi criado o Parque Nacional da Chapada Diamantina, com o intuito de preservar e conservar a flora e fauna desse lugar. Com isso, várias pesquisas são realizadas no Parque Nacional, visando à conservação do patrimônio natural dessa região, além de visitas públicas (COSTA et al., 2013).
Em relação aos trabalhos publicados referentes ao turismo e à conservação nessa região, destaca-se o trabalho de Santos (2006), que tem como título “Do diamante ao turismo, o espaço produzido no município de Lençóis”, no qual o autor aborda questões relacionadas à chegada dos exploradores para a retirada de diamantes na região e a transformação que a cidade passou logo após o término do ciclo do ouro.
Outro exemplo é o trabalho de Oliveira et al. (2005), intitulado como “A discriminação de vegetação no município de Lençóis na Chapada Diamantina – Bahia”. Neste trabalho os autores apresentam os tipos de vegetação que podem ser encontradas ao redor da cidade e sua utilização para fim de pesquisa, comerciais e ornamentais. Esses trabalhos possibilitam maior conhecimento dos elementos bióticos e abióticos dessa região, como também as mudanças espaciais ocasionadas pela extração dos recursos naturais e consequentemente pela ocupação espacial.
Diante disso, este trabalho teve como objetivo descrever o potencial turístico e pedagógico na região da Chapada Diamantina – BA, principalmente nas cidades de Lençóis, Iraquara e Mucugê, além de destacar a importância do turismo para a conservação de paisagens naturais.
MATERIAIS E MÉTODOS
O método de pesquisa utilizado para este trabalho foi o exploratório, seguindo os seguintes procedimentos metodológicos: inicialmente foram feitas pesquisas bibliográficas para maior conhecimento da área em estudo, como análises de dissertações, artigos e leituras de mapas da região. Esse levantamento possibilitou o conhecimento dos elementos constituintes das paisagens em estudo como a formação geológica-geomorfológica, a diversidade ecológica e o aproveitamento para a realização do turismo de natureza e pedagógico.
Em seguida, foram realizadas visitas à Chapada Diamantina nos municípios de Iraquara, Lençóis e Mucugê entre os dias 19 e 21 de setembro de 2014. O Parque Nacional |Educação ambiental e turismo educacional na região da Chapada Diamantina – BA| |Fredson Pereira da Silva | Márcia Evangelista Sousa| InterEspaço Grajaú/MA v. 3, n. 8 p. 304-316 jan./abr. 2017 Página 307 da Chapada Diamantina (Figura 1), localizado no centro da Bahia está a 440 km distante da capital Salvador, foi criado em 17/09/1985 pelo Decreto Federal Nº 91.655 e possui uma área de 152.000 hectares (CARVALHO, 2009).
Os principais atrativos do Parque Nacional e seu entorno são: cachoeiras, cavernas, cidades históricas preservam o patrimônio histórico e cultural colonial do final do século XIX. Figura 1 – Municípios da área de estudo Fonte: Lopes, 2017.
A realização dos trabalhos de campo deu-se por meio de visitas técnicas aos principais atrativos turísticos localizados nos municípios citados. Dessa forma, buscou-se conhecer as espécies da flora da região, analisar as formas de relevo e os possíveis eventos geológicos e geomorfológicos que levaram à formação atual. Verificaram-se também formas de relevo cársticos e representação de espécies e trabalhos botânicos que foram realizados na área. A coleta de dados deu-se com a realização de registro fotográfico e uso de fichas de campo. Essas fichas buscavam descrever os elementos de cada ponto visitado, como a localização geográfica, formas de relevo, vegetação, hidrografia e uso da terra.
A pesquisa de campo possibilitou o conhecimento de vários elementos naturais e culturais existentes no Parque, como a Gruta da Lapa Doce, o Morro do Pai Inácio, Salão de Areias, o Projeto Sempre Viva e um passeio no Cemitério Bizantino na cidade de |Educação ambiental e turismo educacional na região da Chapada Diamantina – BA| |Fredson Pereira da Silva | Márcia Evangelista Sousa| InterEspaço Grajaú/MA v. 3, n. 8 p. 304-316 jan./abr. 2017 Página 308 Mucugê. Também foi possível identificar a degradação do patrimônio, através do manejo inadequado dos recursos naturais. Após a obtenção dos dados sobre a área em estudo, realizou-se uma descrição do potencial turístico e pedagógico dos atrativos visitados.
RESULTADO E DISCUSSÕES
As variadas formações rochosas na região da Chapada Diamantina propiciam o surgimento de exuberantes paisagens, o que favorece o desenvolvimento do turismo na região, o qual vem crescendo de forma significativa. Essa atividade além de divulgar a localidade, oportuniza também a aplicação de medidas sustentáveis, uma vez que demonstra aos visitantes a importância de conservar o patrimônio natural.
Nesse sentido, a Chapada Diamantina transformou-se em um grande polo receptor de turistas, em função de suas belezas naturais. Segundo Costa et al. (2013, p. 5), “o Parque Nacional da Chapada Diamantina possui três geossítios que foram aprovados pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos – SIGEP, a Serra do Sincorá, o Morro do Pai Inácio e o Poço Encantado”. Esses geossítios apresentam além do valor estético, valor turístico e educacional, tornando essa área um relevante patrimônio geológico. Nesse sentido, Brilha (2005, p. 15) afirma que um geossítio:
Representa a ocorrência de um ou mais elementos da geodiversidade aflorante, quer em resultado da ação de processos naturais, quer devido à intervenção humana, bem delimitados geograficamente e que apresente valor singular do ponto de vista científico, cultural, pedagógico, turístico, paisagístico ou outro.
Assim, uma das primeiras paradas para observação da paisagem foi no geossítio Morro do Pai Inácio (Figura 2), onde foi possível observar a quantidade de turistas que chegam diariamente nesse local. Em conversa com alguns deles foi revelado que grande parte desses turistas provém dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e de alguns países da América. Percebe-se que a presença de visitantes de diversas localidades é proporcionada pela rica beleza que a região apresenta.
Além das formas geomorfológicas também foi possível apreciar a grande variedade de espécies vegetais nessa área, na qual é possível ver as flores do Cerrado, o mandacaru da Caatinga e os musgos da Mata Atlântica. Isso justifica a grande relevância desse local para estudos ecológicos, pois é bastante perceptível a transição de biomas. Também é significativo para pesquisas que envolvam elementos geológicos, geomorfológicos, |Educação ambiental e turismo educacional na região da Chapada Diamantina – BA| |Fredson Pereira da Silva | Márcia Evangelista Sousa| InterEspaço Grajaú/MA v. 3, n. 8 p. 304-316 jan./abr. 2017 Página 309 climatológicos, mineralógicos, pedológicos, entre outras áreas do conhecimento, corroborando o grande potencial pedagógico que essa região apresenta. Figura 2 – Morro do Pai Inácio Fonte: Pesquisa de Campo, 2014.
Nesse sentido, o conhecimento de geossítios contribui para o processo de ensino e aprendizagem, visto que o visitante tem a oportunidade de conhecer o processo de formação das estruturas rochosas e das feições geomorfológicas. Com isso, ocorre a divulgação da história geológica dos ambientes naturais e, assim, os processos ocorridos no tempo geológico deixam de ser restritos apenas aos profissionais da área.
Em relação à grande variedade de vegetação presente na Chapada Diamantina, Oliveira (2005) apresenta um estudo realizado a partir de análises de imagens de satélites, que possibilitou a geração de um mapa de vegetação. Nesse mapa são identificada seis classes de vegetação: Campo Rupestre, Mata de Encosta, Floresta Estacional Semi-decídua, Cerrado e Mata Ciliar, comprovando a variedade florística existente nessa região.
As paisagens Cárstica ou Karst são relevos caracterizados pela dissolução química das rochas, representadas por cavernas e grutas, sendo também presentes na Chapada, a exemplo da Gruta da Lapa Doce, no município de Iraquara (Figura 3). Essa gruta é bastante apreciada pelos turistas, principalmente aqueles que têm a oportunidade de adentrar numa gruta primeira vez, os quais ficam fascinados com sua beleza e sensibilizados quanto à importância para a manutenção das espécies encontradas nessa área. |Educação ambiental e turismo educacional na região da Chapada Diamantina – BA| |Fredson Pereira da Silva | Márcia Evangelista Sousa| InterEspaço Grajaú/MA v. 3, n. 8 p. 304-316 jan./abr. 2017 Página 310 Figura 3 – Entrada da Gruta da Lapa Doce Fonte: Lima, 2015.
No interior da gruta pode ser observada a ação da água, esculpindo a rocha, e a formação de estalactites e estalagmites de cores fortes como vermelho-amarelada e branca, que, para alguns visitantes, inclusive, essas formas têm a aparência de animais como leão e objetos como um avião. Diante disso, pode-se destacar a importância dessa gruta para estudos, principalmente, por parte das escolas que ficam próximas, levando os discentes à compreensão de que é necessário conservar o local, como também destacar a presença de fósseis que podem ser encontrados nas rochas. Nesse sentido, as aulas de campo podem ser realizadas como atividades de classe e também com a participação da comunidade, almejando maior sensibilização da população local sobre a conservação patrimonial.
Essa gruta apresenta uma diversidade de espeleotemas, proporcionando a estudantes e pesquisadores a realização de trabalhos científicos, evidenciando ainda mais as potencialidades que tem essa região. Assim, a visitação a esse local é realizada com auxílio de guias da própria região, que são capacitados para orientações sobre a formação geomorfológica.
Em relação à exploração da Chapada Diamantina, Santos (2006) afirma que depois que descobriram diamante em um rio chamado Paraguaçuna, região de Lençóis, muitos garimpeiros vieram de Minas Gerais e de outras localidades da Bahia para extrair minério, ocasionando a ocupação do espaço e a dinamização do território. O levantamento de dados sobre a ocupação da Chapada Diamantina e a visita de campo permitiram observar que a |Educação ambiental e turismo educacional na região da Chapada Diamantina – BA| |Fredson Pereira da Silva | Márcia Evangelista Sousa| InterEspaço Grajaú/MA v. 3, n. 8 p. 304-316 jan./abr. 2017 Página 311 extração do diamante nessa área foi constante, cujas marcas ficaram registradas na paisagem, sob a forma de degradação ambiental.
Diante disso, procurou-se conhecer a cidade de Mucugê que abrigou vários garimpeiros nessa época e o cemitério bizantino no qual estão sepultadas pessoas importantes que residiam na cidade. Outro atrativo turístico visitado foi o Parque Municipal Sempre-Viva, em homenagem a uma espécie de planta ornamental (yngonanthuscurralensis) que existe nessa região e que está ameaçada de extinção (JUNCÁ; FUNCH; ROCHA, 2005).
O Projeto Sempre-Viva, inaugurado em maio de 1999, ocupa uma área de 540 hectares e foi criado com objetivos e metas de conservar os aspectos naturais da região e promover a educação ambiental para a comunidade local e aos seus visitantes, como forma de reverter o quadro de práticas injustas ocasionadas ao meio ambiente, como as queimadas que causam um grande dano à biodiversidade das espécies (COSTA et al., 2013).
Esse projeto concede aos visitantes a oportunidade de realizarem passeios em trilhas e conhecer rios que passam por dentro do parque, cachoeiras e cascatas como a do Tiburtino, e uma grande variedade de espécies de plantas que podem ser observadas, além de algumas plantas endêmicas da Chapada Diamantina. Também é possível se observarem áreas alagadas, conhecidas pela população local como Pantanal.
Segundo Barros et al. (2014), a Chapada Diamantina possui uma diversidade de plantas e animais, por isso pesquisas estão sendo realizadas no intuito de conhecer melhor essa variedade, a exemplo do Projeto Biodiversidade Microcrustáceos de Água Doce em Campos Rupestres, o qual é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e tem como objetivo aumentar o conhecimento sobre crustáceos e as algas microscópicas em campos rupestres brasileiros.
A cidade de Lençóis não fica de fora desse estudo, conhecida por abrigar turistas nacionais e internacionais em busca de lazer e diversões, possui uma grande quantidade de pousadas e hotéis e áreas para acampamentos. O Mercado Turístico da cidade possui grande diversidade de produtos, que variam de rochas cristalinas até livros que descrevem a história da região. A gastronomia local é bem proveitosa com pratos bastante saborosos (SANTOS, 2006).
Os turistas que chegam à cidade vêm de várias partes do Brasil, principalmente do Nordeste e Sudeste. Também são encontrados visitantes de outros países como Estados Unidos, França e Inglaterra, movimentando a economia local. Dentre as opções turísticas |Educação ambiental e turismo educacional na região da Chapada Diamantina – BA| |Fredson Pereira da Silva | Márcia Evangelista Sousa| InterEspaço Grajaú/MA v. 3, n. 8 p. 304-316 jan./abr. 2017 Página 312 de Lençóis, encontram-se as trilhas que podem ser feitas ao redor da cidade, com acompanhamento de um guia autorizado, e passeio de bicicletas e rapel em cachoeira. O Salão de Areias (Figura 4), como é conhecido, é constituído por vários conglomerados, formando um pequeno “salão”, o qual recebe visitantes quase todos os dias, muitos desses são estudantes que admiram a beleza natural propiciada pela estrutura rochosa.
Por outro lado, a degradação desse ambiente é bastante visível, devido à extração da areia colorida (Figura 5) que acontece de forma ilegal, pois não há nenhuma fiscalização. A retirada ocorre através da escavação da rocha com uso de instrumentos metálicos, após esse procedimento, os sedimentos coletados são colocados em vasilhas e transportados para as residências, onde são confeccionados os objetos decorativos, principalmente as garrafas de vidro.
Figura 4 - Estrutura de conglomerados no Salão de Areias Fonte: os autores, 2014.
|Educação ambiental e turismo educacional na região da Chapada Diamantina – BA| |Fredson Pereira da Silva | Márcia Evangelista Sousa| InterEspaço Grajaú/MA v. 3, n. 8 p. 304-316 jan./abr. 2017 Página 313 Figura 5 – Areia colorida encontrada no Salão de Areias Fonte: Violli, 2015.
Diante disso, percebe-se que a população local contribui para a degradação do patrimônio da região, uma vez que não utiliza os recursos de modo sustentável, visto que a extração dos recursos naturais é realizada de modo inadequado. Isso ressalta a necessidade do desenvolvimento de ações que visem à sensibilização sobre a importância de conservar o patrimônio natural.
Por outro lado, a modalidade de turismo que mais se destaca nessa região é o ecoturismo, que pode ser entendido como as atividades turísticas baseadas na relação sustentável com a natureza e as comunidades receptoras, comprometidas com a conservação, a educação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico (CASTRO, 2010a).
Dessa forma, o turismo não tem apenas o objetivo de propiciar o lazer aos visitantes, mas também à educação ambiental, que pode ser transmitida através de diálogos a respeito da conservação da natureza, da exposição de placas e painéis em trilhas ecológicas e da venda de produtos ecológicos feitos de forma artesanal. Essas medidas podem sensibilizar o turista quanto à importância de conservar os ambientes naturais.
Sendo assim, a atividade turística permite a interação do ser humano com o meio ambiente, oportunizando também o contato com a cultura local e propicia o respeito e a valorização de costumes e tradições diferentes.
As paisagens da Chapada Diamantina podem ser utilizadas para a realização de visitas de campo pelas escolas que estão inseridas neste contexto, podendo ser trabalhado além dos conteúdos didáticos, a educação ambiental. Nesse âmbito, podem ser abordados |Educação ambiental e turismo educacional na região da Chapada Diamantina – BA| |Fredson Pereira da Silva | Márcia Evangelista Sousa| InterEspaço Grajaú/MA v. 3, n. 8 p. 304-316 jan./abr. 2017 Página 314 assuntos relacionados à preservação da fauna e flora, das formas de relevo, extração inadequada dos recursos naturais, impactos socioambientais ocasionados pela exploração na agricultura moderna, entre outros. Isso contribuirá para minimizar as ações inadequadas realizadas pela população local e consequentemente auxiliará na conservação do patrimônio natural.
O estudo de algumas paisagens da Chapada Diamantina permitiu verificar o seu potencial pedagógico, podendo ser explorado por várias áreas do conhecimento. Visto que pode se realizar o levantamento das espécies vegetais dos biomas Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica, mapear as espécies que estão em extinção, identificar os insetos e répteis presentes, classificar os tipos de solos, quantificar os minerais de maior valor econômico, avaliar o uso da terra e os impactos ocasionados ao meio ambiente, refletir sobre a diferenciação de classe, mencionar a dimensão do turismo e muitas outras análises poderão ser realizadas.
O turismo não deverá restringir apenas ao favorecimento do lazer ao visitante, mas também em promover a conscientização ambiental, demonstrando a importância de conservar o patrimônio natural e cultural, uma vez que a degradação poderá levar a extinção de espécies endêmicas e monumentos históricos. Além disso, essa atividade poderá ser desenvolvida adjunta com a realização de aulas de campo, contribuindo com o processo de ensino e aprendizagem, uma vez que proporciona aos estudantes a vivência dos conteúdos trabalhados em sala de aula.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento dos centros urbanos propicia o aumento do estresse à população urbana, fazendo com que muitos moradores busquem áreas naturais para minimizar essa agitação do cotidiano. Isso condiz com o aumento do ecoturismo, visto que essa atividade proporciona o contato com a natureza, possibilitando maior tranquilidade aos indivíduos. Nesse sentido, a Chapada Diamantina recebe uma grande quantidade de turistas durante todo ano, os quais buscam lazer, sossego e diversão.
O potencial turístico dessa região é proporcionado principalmente pelos elementos naturais, onde é possível contemplar formações rochosas, grutas, trilhas e espécies endêmicas da flora local. A riqueza desses elementos evidencia também a potencialidade que a região tem para o desenvolvimento de pesquisas científicas, além da realização de aulas de campo voltadas para várias áreas do conhecimento.
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O conhecimento de paisagens naturais favorece um maior contato com a natureza, como também sobre a importância de preservá-la, uma vez que o manejo inadequado dos recursos naturais pode levá-los a extinção. Nesse sentido foi possível observar ao longo das trilhas algumas marcas da degradação ambiental, bem como a presença de placas informativas referentes à conservação ambiental, a fim de maior sensibilização do visitante. Assim, o desenvolvimento do turismo em áreas naturais promove a integração entre a natureza e a sociedade, contribuindo na formação de cidadãos conscientes quanto à necessidade de conservar o meio ambiente.
REFERÊNCIAS
BARROS, F. A.; PREVIATTELLI, D.; MARTINS, V. M.; ROCHA, C. E. F. Projeto Biodiversidade Microcrustáceos de Água Doce em Campos Rupestres. Disponível em:
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