Quem somos quando não há ninguém olhando? Um pouco de Ética, em tempos de eleição
há 2 meses
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"Deus está vendo"!
"Crianças (temos câmara) agora vocês terão que se comportar ou seus pais e o Diretor, saberão"!
"Você está sendo filmado".
"Crianças desobedientes na escola e com os pais, não vão para o céu"!
Esses são alguns exemplos de que, naturalmente, não somos de bem; não somos pessoas de confiança. Precisamos estar diuturnamente vigiados, mesmo que seja por uma 'entidade espiritual', que ninguém nunca provou existir.
O pior de tudo é que ao invés de ensinarmos nossas crianças a serem éticas desde a tenra idade (independente de qualquer coisa, pessoa, lugar ou recompensa), preferimos dizer que estão sendo vigiadas (mesmo que pelo sobrenatural), e se fizerem algo mau, serão vistas e punidas.
Ensinamentos assim faz 'nascer' a crença de que se não houver ninguém vigiando (olhando) 'vale tudo'!
Isso é tão forte em certas sociedades (no Brasil, mais que na maioria dos países), que muita gente acredita que ateu não é pessoa de confiança, não é honesto - alguns até os tacham de seguidores do diabo; quando na verdade os ateus sequer acreditam na existência de dele. Quem crê nesse ser e o adora são satanistas, e isso também é uma crença.
As pessoas que crêem no mal dos ateus, são exatamente àquelas que precisam de religião para serem boas. Só 'tendo Deus no coração' e temendo por um fim trágico, ou 'parar' no inferno após a morte, é que se consegue ser bom! Não dá para ser bom sem ameaça e sem bônus!
Quando era uma criança, 'forçada' por meus pais, frequentava com eles uma igreja; certa feita, estando lá, ouvi algo que nunca esquecerei. Uma menininha, na época, mais nova que eu (tinha ela uns 7 anos) falou, na frente de um grupo, que gostaria de se mudar para a igreja. Uma das pessoas que ali estava, perguntou: "por que querida, você gosta tando assim da igreja?" A PEQUENA CRIANÇA RESPONDEU: "é que aqui meu pai é o melhor do mundo; ele nos trata com carinho - não bate em nós, nem na mamãe e ainda fala baixo"!
Esse pai deve ser àquele tipo machista, violento e meio louco; afinal, não é coisa de gente sã acreditar que sendo bom (APENAS) dentro da igreja já lhe será concedido créditos no céu - lá, 'Deus está vendo' - em casa não! Sujeito'duas caras' (uma para os irmãos da igreja e outra para a família, no lar).
- Qual é a ética dessa pessoa?
Isso aconteceu há mais de 30 anos; de lá para cá conheci dezenas de pessoas assim - inclusive próxima a mim (na família, por afinidade).
Certa feita, em uma palestra do Professor Clóvis de Barros Filho, ele conta que, retornando de um passeio na madrugada de Genébra (Suíça), encontrou uma 'banca"(uma lojinha) de jornais, aberta, mas sem ninguém para atender. Esperou, esperou e esperou e nada de aparecer o responsável pela venda. No entanto, estava ali em um cesto, algum dinheiro dentro e exposto ao lado de cada jornal ou revista, o valor. Assim, decidiu pegar o que queria, pagou, pegou o troco e saiu.
A referida história não foi novidade para mim; andando pela Europa, em pequenos lugarejos, também já me deparei com algo assim (uma banca de frutas - sem vendedor, com frutas e dinheiro para troco).
No Brasil, comércios dessa natureza não durariam um dia. Levariam os objetos à venda, o dinheiro e se tivessem tempo carregariam as cadeiras, o cesto, e qualquer outro móvel de valor.
Aqui, infelizmente, é assim:" se eu não levo, outro leva - melhor eu que cheguei primeiro! "
E assim segue o pensamento de grande parte da população brasileira na política, no comércio e com os caminhões tombados! Neste último caso, após tirar o selfie com o motorista morto, começam a saquear - chamar ajuda ou ajudar que é bom e enobrece, ninguém quer, tampouco usa celular para esse fim; mas todos se sentem 'filhos de deus", merecedores do paraíso!
...e os políticos que escolhemos saem daqui, desse mesmo rol de pessoas (sem moral, sem ética e pela família)!
Foi com essa conclusão que fiquei 'cega' diante da política brasileira. Custa-me demasiado escolher o 'menos pior' e lamentavelmente, no Brasil, os honestos de verdade, os verdadeiramente éticos - sem mácula, ficha limpa (limpa de verdade - inclusive sem denúncia e sem investigação) não estão na política.
- Onde estão?
- Também não sei; diga-me você, quem sabe, com muita 'lábia' convenceremos a candidatar nas próximas eleições...; mas daí, como diria L. Carnal: "todo mundo tem seu preço; uma vez na política - mais cedo ou mais tarde o preço da pessoa chega".
Por Elane F. de Souza (Advogada não atuante, administradora dos blogs: DCJ e sua pg no facebook e Divulgando direitos).
Imagem/Créditos: pixabay
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