SOMATOTIPIA E ANTROPOMETRIA
NA SELEÇÃO BRASILEIRA DE VOLEIBOL
SOMATOTYPE AND ANTHROPOMETRY
IN BRAZILIAN NATIONAL VOLLEYBALL TEAMS
RESUMO
A elaboração de perfis de características
que possam servir de parâmetros
nas diferentes categorias
e o investimento feito em estudos
científicos dentro do voleibol brasileiro
tem mostrado uma grande
importância para o desenvolvimento
de novas gerações. Nesse contexto,
o estudo descritivo em questão
objetiva analisar importantes características,
como as somatotípicas e
antropométricas das seleções brasileiras
de voleibol na categoria infanto-
-juvenil. A população foi composta
por 33 atletas das referidas seleções,
14 deles convocados para a seleção
brasileira masculina e 19 para a seleção
brasileira feminina. Utilizamos
uma balança e estadiômetro de precisão
para verificação das características
antropométricas e o método
somatologista de Health & Carter
para verificação da somatotopia. A
seleção masculina apresentou como
resultados médios: Idade=16,71;
estatura=195,9; peso corporal=87,4;
endomorfia= 1,26; mesomorfia= 3,18
e ectomorfia=3,8; por sua vez a
seleção feminina apresentou Idade=
15,9; estatura=181,6; peso corporal=
67,4; endomorfia=3,09; mesomorfia=
2,21 e ectomorfia= 3,88. A partir
dos resultados, podemos concluir
que as seleções em questão possuem
características semelhantes as das
seleções adultas de alto rendimento,
apresentando na somatotópica predominância
do componente ectomórfico,
sendo esse um dado de grande
importância diante das exigências
atuais do alto rendimento do voleibol,
o que mostra o alto nível do grupo
estudado.
ABSTRACT
The elaboration of profile characteristics
that can serve as parameters
in the different categories and investment
in scientific studies of
Brazilian volleyball have shown their
importance in developing new athletes.
In this sense, the objective of
the descriptive study in question
was to analyze important characteristics
such as somatotype and anthropometry
in the Brazilian under-17
and under-18 national teams, respectively.
The population was composed
of 33 (14 females and 19 males)
athletes from the aforementioned
teams. We used a high-precision
scale and stadiometer to verify anthropometric
characteristics and
Heath & Carter's method to evaluate
somatotype. The men's team obtained
the following mean results: Age=
16.71; height=195.9cm; body weight=
87.7kg; endomorphy =1.26; mesomorphy=3.18
and ectomorphy =3.8;
while the women's results were: Age
=15.9; height=181.6cm; body weight=
67.4kg; endomorphy=3.09; mesomorphy=2.21
and ectomorphy=3.88.
We can conclude from the results
that the teams in question have
similar characteristics to those of
the high-performance adult teams,
and exhibit a predominance of the
ectomorphic component of the somatotype.
This finding is of great importance,
given the current demands
of high-performance volleyball, and
shows us the high level of the group
studied.
INTRODUÇÃO
Dentro do processo evolutivo, as
ciências dos esportes tornaram-se
indispensáveis às modalidades esportivas
de rendimento, propiciando
uma grande evolução tecnológica e
cientifica que possibilita a busca de
melhores condições de treinamento
devido ás constantes pesquisas
realizadas. O voleibol nesse contexto,
foi a modalidade que mais modificou
suas regras nos últimos anos
em busca de um melhor rendimento1
. No Brasil esse esporte tem
evoluído de forma grandiosa, tornando-se
uma escola no cenário
esportivo mundial, onde as equipes
brasileiras têm obtido grande destaque
em todas as categorias, sendo
hoje um recordista de títulos internacionais .
Medina, Fernandes Filho3 enfatizam
a grande importância de se conhecer
profundamente as particularidades
dessa modalidade em seus
vários aspectos, onde características
como as antropométricas,
fisiológicas e neuromusculares dos
atletas de alto nível podem servir
como excelentes parâmetros para
seleção e comparação de atletas,
permitindo assim que, a partir de
um conjunto de características,
possa ser construído um perfil,
idéia essa corroborada pelos estudos
de Fernandes Filho4 que contempla
a grande necessidade e as
facilidades da construção desse
perfil em cada modalidade em especifico,
podendo ser um grande
diferencial no sucesso ou fracasso
da estratégia de treinamento a
ser utilizada.
A literatura na área do voleibol tem
apontado a preocupação dos pesquisadores
em encontrar métodos
que possam identificar o desempenho
de alto nível acerca das diversas
variáveis. A grande maioria
das pesquisas tem apontado uma
tendência a analisar equipes da
categoria adulta, não fornecendo,
porem, meios que permitam uma
clara compreensão de como ocorrem
as transformações relativas aos
processos de crescimento e desenvolvimento
durante as categorias
competitivas iniciais, o que implica
na possibilidade de estarmos perdendo
atletas com excelente potencial
dentro das categorias iniciais
por falta de informações especificas5
.
Nesse contexto, diversos estudos
vêm sendo realizados buscando
conhecer o tipo físico ideal para
cada modalidade esportiva, sendo o
somatotípo amplamente utilizado,
firmando-se assim, como um excelente
método auxiliar na orientação
e promoção esportiva6
. Esse método
caracteriza-se por ser um excelente
instrumento a empregar-se na área
esportiva, pois, alem de ser um
eficiente e seguro método de avaliação,
permiti uma contínua monitorização
da composição corporal,
no decorrer de uma temporada de
competição7
. Marins, Gianichi8 citam
que o somatotipo é uma importante
técnica de classificação da
composição corporal, em que a
estrutura física do ser humano foi
dividida em três condições diferenciadas
por Sheldon, definindo assim
determinadas características físicas
que as diferenciam entre si. A relação
entre a somatotipologia, o
esporte e a performance física é
muito utilizada atualmente, alcançando-se
resultados comprovados
no desenvolvimento esportivo9
.
Para se alcançar um alto nível dentro
da modalidade voleibol, os estudos
têm demonstrado que é necessária
a observaçtípo e composição
corporal, como também das qualidades
físicas básicas10. Portanto,
devido a grande necessidade de
estudos científicos que possam dar
base ao constante desenvolvimento
do voleibol brasileiro e a grande
importância da observação de
variáveis para a elaboração de um
perfil da modalidade em diferentes
categorias, esse estudo procurou
analisar as características somatotípicas
e antropométricas das
seleções brasileiras de voleibol
masculino e feminino na categoria
infanto-juvenil.
METODOLOGIA
Amostra
A presente pesquisa tem o cunho
descritivo que a caracteriza como
um estudo de status, partindo-se
da premissa de que os problemas
podem ser resolvidos e a prática
melhorada através de completas
e objetivas análises, observações
e descrições11.
A população da presente pesquisa
foi composta por 33 atletas convocados
para as seleções brasileiras
infanto-juvenis (entre 14 e 17 anos)
de voleibol de ambos os sexos, sendo
14 atletas da seleção brasileira
masculina (vice-campeã mundial)
e 19 da seleção brasileira feminina
(campeão sul-americana) de voleibol.
Todos os procedimentos realizados
foram autorizados pelo Comitê
de Ética responsável (Parecer n.º
059/2005) e atendem as Normas
de Realização de Pesquisa em Seres
Humanos proposta pela resolução
196/96-CNS-Brasil. Os participantes
foram previamente esclarecidos
sobre os propósitos da investigação
e procedimentos aos quais seriam
submetidos e assinaram um termo
de consentimento livre e esclarecido.
Procedimentos
Na verificação das medidas antropométricas
a massa corporal foi
mensurada em uma balança de leitura digital com precisão de
100g e carga máxima de 180kg,
enquanto a estatura foi determinada
em um estadiômetro de madeira
com precisão de 1mm, estando os
avaliados vestidos com roupas leves
(short para os homens e short
e blusa para as mulheres).
O método somatotipológico de Health
& Carter12 será usado para coletar
as medidas de somatotípo, permitindo
assim um estudo apurado,
sobre o tipo físico ideal de cada
modalidade esportiva.
ente (Endomorfia)
Para calcular endomorfia utiliza-se
a medida da estatura (cm) e as
dobras cutâneas (mm) subescapular,
do tríceps e supraespinhale, corrigindo-se
o valor dividindo a estatura
pelo fator ( ∑ dc x 170,18), conforme
Fernandes Filho (2003).
Determinação do segundo componente
(mesomorfia): para determinação
desse componente usa-se a
medida da estatura, o diâmetro
do úmero e do fêmur, o perímetro
corrigido do braço, que é o perímetro
do mesmo forçado corrigido
pela subtração do valor da dobra
cutânea TR em cm, e o perímetro
corrigido da panturrilha (pcp) que é
corrigido pela subtração do valor
da dobra cutânea medial da panturrilha
em cm. As medidas de circunferências
(perímetros) são caracterizadas
pelas medidas lineares,
realizadas circunferencialmente e
as medidas do Diâmetro ósseo são
obtidas através da distância entre
duas estruturas de um determinado
osso localizado transversalmente.
Toda medida será efetuada, do lado
direito do corpo.
O segundo componente será determinado
a partir dos resultados
coletados, calculando-se por meio
da seguinte equação usada por
Carter citada por Fernandes Filho
(2003):
Meso= 0,858(Du) + 0,601(DF) +
0,188(PcB) + 0,161(PcP) - 0,131(H)
+ 4,5
Determinação do terceiro
Componente (Ectomorfia)
Para calcular a ectomorfia, utilizaram-se
às medidas da estatura e
peso, lidando-se com o índice ponderal
de Sheldon (IP): estatura dividida
pela raiz cúbica do peso. A partir
dos resultados obtidos, calculou-se
o terceiro componente por meio da
equação, que divide a estatura pela
raiz cúbica do peso.
Instrumentos de medida
- Balança eletrônica digital (Urbano,
modelo PS180);
- Estadiômetro de madeira (precisão
1mm);
- Fita métrica (sanny, com 150 cm de
comprimento e precisão de 0,1cm);
- Compasso de dobras cutâneas
(sanny, com precisão de 0,1mm);
- Paquímetro (Rosscraft, modelo
Tommy 2 com variação entre 02
e 16 cm, e graduação é de 1 mm);
Estatística
Para caracterização do universo
amostral pesquisado utilizou-se a
estatística descritiva, observando
os valores de medida de tendência
central: média (x) e desvio padrão
(DP), objetivando a constituição do
perfil do grupo estudado a partir da
coleta de variáveis segundo Thomas
e Nelson11.
RESULTADOS
Na tabela 1 podemos observar
uma seleção com idade avançada
dentro da categoria (ate 17 anos),
e com uma alta media de estatura.
Na somatotipia a referida seleção
caracteriza-se como sendo Ecto-
-Mesomórfica por apresentar superioridade
no componente ectomórfico
em relação aos outros
componentes.
No feminino, a tabela 2 nos revela
uma elevada média de estatura e
superioridade do componente ectomorfico,
assim como no masculino,
porem apresenta um expressivo
resultado do componente endomorfico
que a classifica de acordo
com Health & Carter12 como ecto-
-endomórfica
Determinação do segundo componente
(mesomorfia): para determinação
desse componente usa-se a
medida da estatura, o diâmetro
do úmero e do fêmur, o perímetro
corrigido do braço, que é o perímetro
do mesmo forçado corrigido
pela subtração do valor da dobra
cutânea TR em cm, e o perímetro
corrigido da panturrilha (pcp) que é
corrigido pela subtração do valor
da dobra cutânea medial da panturrilha
em cm. As medidas de circunferências
(perímetros) são caracterizadas
pelas medidas lineares,
realizadas circunferencialmente e
as medidas do Diâmetro ósseo são
obtidas através da distância entre
duas estruturas de um determinado
osso localizado transversalmente.
Toda medida será efetuada, do lado
direito do corpo.
O segundo componente será determinado
a partir dos resultados
coletados, calculando-se por meio
da seguinte equação usada por
Carter citada por Fernandes Filho
(2003):
Meso= 0,858(Du) + 0,601(DF) +
0,188(PcB) + 0,161(PcP) - 0,131(H)
+ 4,5
Determinação do terceiro
Componente (Ectomorfia)
Para calcular a ectomorfia, utilizaram-se
às medidas da estatura e
peso, lidando-se com o índice ponderal
de Sheldon (IP): estatura dividida
pela raiz cúbica do peso. A partir
dos resultados obtidos, calculou-se
o terceiro componente por meio da
equação, que divide a estatura pela
raiz cúbica do peso.
Instrumentos de medida
- Balança eletrônica digital (Urbano,
modelo PS180);
- Estadiômetro de madeira (precisão
1mm);
- Fita métrica (sanny, com 150 cm de
comprimento e precisão de 0,1cm);
- Compasso de dobras cutâneas
(sanny, com precisão de 0,1mm);
- Paquímetro (Rosscraft, modelo
Tommy 2 com variação entre 02
e 16 cm, e graduação é de 1 mm);
Estatística
Para caracterização do universo
amostral pesquisado utilizou-se a
estatística descritiva, observando
os valores de medida de tendência
central: média (x) e desvio padrão
(DP), objetivando a constituição do
perfil do grupo estudado a partir da
coleta de variáveis segundo Thomas
e Nelson11.
RESULTADOS
Na tabela 1 podemos observar
uma seleção com idade avançada
dentro da categoria (ate 17 anos),
e com uma alta media de estatura.
Na somatotipia a referida seleção
caracteriza-se como sendo Ecto-
-Mesomórfica por apresentar superioridade
no componente ectomórfico
em relação aos outros
componentes.
No feminino, a tabela 2 nos revela
uma elevada média de estatura e
superioridade do componente ectomorfico,
assim como no masculino,
porem apresenta um expressivo
resultado do componente endomorfico
que a classifica de acordo
com Health & Carter12 como ecto-
-endomórfica.
Revista de Desporto e Saúde o
da Fundação Técnica e Científica do Desporto
Idade (anos)
Peso Corporal (kg)
Estatura (cm)
Endomorfia
Mesomorfia
Ectomorfia
16,71
87,4
195,9
1,26
3,18
3,8
0,47
11,02
0,07
0,206
1,13
0,76
Média (x) Desvio Padrão (s)
TABELA1
Valores médios e desvio padrão para a somatotipia e
antropometria da seleção brasileira infanto-juvenil de voleibol masculino.
NUMERO 1F.qxp 14/05/08 23:27 Page 69
investigação técnico original opinião revisão 70|
71|
O gráfico 1 nos permite uma melhor
visualização dos grupos estudados,
onde observamos altos
valores para variável ectomorfia
em ambos os sexos. No grupo
feminino os valores da variável
endomorfia são superiores aos
valores observados para a variável
mesomorfia e ainda superiores aos
valores encontrados para endomorfia
do grupo masculino.
DISCUSSÃO
Os resultados da tabela 1 nos
revelam uma excelente média de
estatura na seleção brasileira masculina,
sendo essa variável considerada
dentro do voleibol um fator
de primordial para que se possa
alcançar o alto nível nessa modalidade.
Silva e colaboradores5 citam
em sua pesquisa, uma evolução
dessa variável dentro do voleibol, o
que também podemos observar
através de estudos anteriores realizados
no voleibol masculino citados
por Massa13: antiga união soviética,
193cm Vitasalo (1982); seleção
brasileira, 193cm, Matsudo (1986);
seleção dos EUA, 192,5cm Mcgrown
et al (1990); liga nacional
brasileira, 195cm Rodacki (1997).
Ao observarmos os resultados
encontrados em nosso estudo com
a seleção brasileira infanto-juvenil
podemos verificar a semelhança
desses resultados com os encontrados
na seleção brasileira adulta
campeã mundial em 2005 (195,16cm)
e na seleção da Serbia & Montenegro
(197,6cm) vice-campeã mundial
no mesmo ano14, confirmando assim
a importância da variável estatura
desde as equipes de base e a
preocupação com a renovação e
manutenção de futuras gerações
na estrutura do voleibol brasileiro,
visando perpetuar o status conquistado
em nível mundial.
Quanto ao peso corporal observamos
em nossos resultados valores
superiores aos de Rocha e colaboradores15,
que encontraram como
resultado para seleção brasileira
infanto-juvenil masculina 83,6kg, e
semelhantes aos encontrados pelo
mesmo autor para a seleção brasileira
juvenil masculina (88,1kg) e
seleção brasileira adulto masculino
(87,2kg) em 200514.
Ao observarmos as características
somatotipicas, que dizem respeito
ao que era chamado anteriormente
de biótipo físico7
, a seleção brasileira
infanto-juvenil masculina apresenta
resultados satisfatórios, apresentando-se
como uma seleção de
jogadores longelíneos, com desenvolvimento
músculo esquelético ainda
não muito expressivo e baixo índice
de gordura corporal relativa. Essa
característica do grupo estudado
tem sido observada nas seleções
da categoria infanto-juvenil de voleibol,
uma vez que se procura nessa
Idade (anos)
Peso Corporal (kg)
Estatura (cm)
Endomorfia
Mesomorfia
Ectomorfia
15,9
67,4
181,6
3,09
2,21
3,88
0,37
8,24
6,27
0,85
1,01
1,25
Média (x) Desvio Padrão (s)
TABELA2
Valores médios e desvio padrão para a somatotipia e
antropometria da seleção brasileira infanto-juvenil de voleibol feminino.
GRÁFICO1
Valores médios das caracteríticas somatotípicas
das seleções brasileiras de voleibol feminina e masculina.
LEGENDA: ENDO-endomorfia; MESO-mesomorfia; ECTO-ectomorfia.
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
0
ENDO MESO ECTO
NUMERO 1F.qxp 14/05/08 23:27 Page 70
categoria atletas com boa estatura
e ainda em desenvolvimento. Estudos
feitos nessa mesma categoria por
Massa e colaboradores16, com a
seleção brasileira e com um clube
de alto rendimento, também demonstram
superioridade no componente
ectomorfico. Observamos
ainda que os nossos resultados se
apresentam semelhantes aos observados
em 2005 por Zarry17 quanto
à mesomorfia (3,4 +/- 0,77) e
ectomorfia (3,8 +/- 0,76 ), que se
assemelham aos resultados encontrados
por Medina18 em equipe
infanto-juvenil masculino confirmando
a superioridade do componente
ectomorfico. Em categorias superiores
do voleibol, estudos como os
de Zarry17 e Medina18 no masculino,
mostram que existe uma tendência
ao aumento da mesomorfia, equiparando-se
a ectomorfia, devido ao
desenvolvimento músculo esquelético
dos atletas com idade mais avançada.
A seleção feminina estudada (tabela
2) apresenta uma média de estatura
semelhante à encontrada na
seleção brasileira adulto campeã
do Grand Prix em 2005 (182,45cm)14.
Ao observarmos a média de estatura,
por exemplo, da seleção do
Rio Grande do Norte (169,4cm),
campeã na primeira divisão do
campeonato brasileiro em 200419,
podemos constatar a grande disparidade
em relação a seleção brasileira,
confirmando a importância
dessa variável para o alto nível
desse esporte. O peso corporal em
nosso estudo com o feminino apresenta-se
inferior ao observado na
seleção adulta (70,6)14.
Com relação aos resultados da
somatotipia na seleção brasileira
infanto-juvenil feminina (classificada
como ecto-endomórfica) observamos
semelhanças com relação aos
resultados encontrados nos estudos
de Massa e colaboradores6 em
atletas de São Paulo quanto à mesomorfia
(2,7±1,3) e ectomorfia
(3,7±1,5), e com características
semelhantes as observadas nos
estudos de Cabral20 na categoria
infanto-juvenil com a seleção do Rio
Grande do Norte que apresentou
como resultado dos três componentes:
endomorfia (3,9±1,2), mesomorfia
(1,9±1,19) e ectomorfia
(3,2±1,5). Nossos resultados, assim
como os encontrados no estudo de
Massa e colaboradores6
; Cabral20
têm apresentado superioridade do
componente endomórfico em relação
ao mesomórfico nas categorias
de base do feminino, o que nos
mostram valores relacionados ao
desenvolvimento músculo esquelético
inferiores aos valores referentes
à gordura relativa. Esse comportamento
provavelmente pode ser
influenciado pela fase de desenvolvimento
e processo maturacional
dessas atletas.
O gráfico 1 nos mostra que a superioridade
da endomorfia em relação
a mesomorfia observada no grupo
feminino, é inversamente observada
no grupo masculino onde existe
superioridade da variável mesomorfica,
sendo uma tendência desse
perfil da somatotipia modificar-se à
medida que se observa categorias
superiores. Estudo realizado com
diferentes categorias no voleibol
feminino concluiu que os altos valores
do componente endomorfia
nas categorias inferiores diminui
com o processo maturacional,
à medida que se vai subindo de
categoria até a categoria profissional
passando a ser o terceiro
componente6
, possivelmente devido
à influência do efeito do treinamento
e maiores exigências de resultados.
Medina18, em sua pesquisa com o
voleibol masculino, observa que
na categoria adulto (profissional) a
mesomorfia prepondera apresentando
leve superioridade em relação
a ectomorfia, caracterizando assim
atletas fortes e com boa estatura,
corroborando com os resultados
encontrados por Zarry17 na seleção
brasileira adulto.
Os atletas de voleibol de forma
geral caracterizam-se por terem
formas de linearidade com proporções
alongadas entre os membros.
Em ambos os grupos estudados o
componente ectomórfico apresenta-se
predominante, sendo importante
para a modalidade de voleibol,
uma vez que diz respeito à relação
da massa corporal com a estatura
do indivíduo, tendo a variável estatura
uma grande importância nessa
modalidade quando aliada a outros
fatores para que se possa alcançar
um nível mais alto em categorias
superiores do voleibol21.
CONCLUSÕES
Concluímos que as duas seleções
estudadas apresentam uma elevada
média de estatura, o que provavelmente
deve ser pré-requisito
na escolha dos atletas, sendo semelhantes
às equipes adultas de
alto rendimento no Brasil. Quanto
ao somatotipo, apresentaram-se
resultados satisfatórios com predominância
do componente ectomorfico,
atendendo a especificidade
que envolve o voleibol atual que
busca um equilíbrio entre a linearidade
e muscularidade. As duas
seleções estudadas apresentam
resultados que confirmam o alto
nível dos atletas envolvidos.
AGRADECIMENTOS
Os autores desta pesquisa são
gratos à colaboração: do Programa
de Pós-graduação da UFRN, da
Confederação Brasileira de Voleibol
(CBV) e suas comissões técnicas
e do LABIMH-UFRN.
Revista de Desporto e Saúde o
da Fundação Técnica e Científica do Desporto
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investigação técnico original opinião revisão 72|
73|
CORRESPONDÊNCIA
Breno Guilherme de Araújo
Tinoco Cabral
Av Amintas Barros, 3675,
Condomínio Jardim Portugal, apto
1801
Lagoa nova Cep: 59075-250,
Natal-RN
Email: suzet@ufrnet.br
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masculino de alto rendimento no
Brasil. 2000. 191f. Dissertação
(Mestrado em Ciência da Motricidade
Humana) Universidade Castelo
Branco, Rio de Janeiro.
www.efdeportes.com/efd56/ludico.
htm pesquisado em 21/07/2005.
19. Cabral SAT, Cabral BGAT; Bezerra
FP. Correlation betweem dermatoglyphic
characteristics and
explosive force in female under-17
volleyball players. FIEP bulletin, Foz
do Iguaçu. V.5, pp. 26-28, 2005.
20. Cabral SAT, Rego SASJ, Fernandes
Filho J. Características dermatoglíficas,
somatotípicas e das qualidades
físicas da seleção infanto-
-juvenil de voleibol do estado do Rio
Grande do Norte. Fiep Bulletin. Foz
de Iguaçú. 2004; Vol 74:695-99.
21. Cabral BGA, Cabral SAT, Fernandes
Filho J. Estudo comparativo do
perfil dermatoglífico e antropométrico
nos diferentes níveis de qualificação
esportiva em equipes infanto-
-juvenis de voleibol. Fiep Bulletin.
Foz de Iguaçú. 2005; Vol 75:601-05.
AUTORES
Breno Guilherme de Araújo Tinoco Cabral1,2
Suzet de Araújo Tinoco Cabral1,2
Gilmario Ricarte Batista1
Jose Fernandes Filho3
Maria Irany knackfuss1,2
1 Programa de pós-graduação do centro
de ciências da saúde da universidade federal
do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal-RN
2 Laboratório de Biociências e da Motricidade
Humana, LABIMH-UFRN, Natal-RN
3 Universidade federal do Rio de Janeiro, UFRJ
Trabalho realizado no Programa de pós-
-graduação do centro de ciências da saúde
da universidade federal do Rio Grande
do Norte Natal-RN Brasil. Os procedimentos
realizados foram previamente autorizados
pelo Comitê de ética responsável
(Parecer n.º059/2005).
SOMATOTIPIA E ANTROPOMETRIA
NA SELEÇÃO BRASILEIRA DE VOLEIBOL
4(1): 67 IPIA E ANTROPOMETRIA
NA SELEÇÃO BRASILEIRA DE VOLEIBOL
4(1): 67-72
PALAVRAS-CHAVE
ectomorfia; genética;
desempenho motor.
KEYWORDS
ectomorphy; genetic;
psycholmotor performance
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