Chuvas intensas no Estado da Bahia
1
Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.6, n.2, p.362-367, 2002
Campina Grande, PB, DEAg/UFCG - http://www.agriambi.com.br
Demetrius D. da Silva2, Raimundo R. Gomes Filho3, Fernando F. Pruski4,
Sílvio B. Pereira5 & Luciano F. de Novaes6
1 Trabalho realizado mediante convênio firmado entre a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL) 2 DEA/UFV. Av. PH. Rolfs, Viçosa, MG. Fone: (31) 3899-1904. E-mail: david@ufv.br (Foto)
3 DNOCS. Av. Coronel Solon, 330, Apt. 304, Fortaleza, CE. Fone: (85) 9602-6568. E-mail: rgomes@alunos.ufv.br
4 DEA/UFV. Av. PH. Rolfs, Viçosa, MG. Fone: (31) 3899-1912. E-mail: ffpruski@ufv.br
5 DEA/UFV. Av. PH. Rolfs, Viçosa, MG. Fone: (31) 3899-1925. E-mail: sbueno@alunos.ufv.br
6 UFV. Av. PH. Rolfs, 305, Apt. 904, Viçosa, MG. Fone: (31) 3891-3572. E-mail: lfnovaes@bol.com.br
Resumo: Séries históricas de precipitação pluvial de 19 estações pluviográficas localizadas no
Resumo:
Estado da Bahia e operadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), foram analisadas,
objetivando-se ajustar modelos teóricos de distribuição de probabilidade aos dados de chuvas
intensas e estabelecer a relação entre intensidade, duração e freqüência da precipitação pluvial.
Para cada estação pluviográfica determinaram-se as séries de intensidade máxima anual das
precipitações com durações de 10, 20, 30, 40, 50, 60, 120, 180, 240, 360, 720 e 1.440 min.
Os modelos probabilísticos testados foram os de Gumbel, Log-Normal a dois e três parâmetros,
Pearson e Log-Pearson III. As equações de intensidade-duração-freqüência da precipitação pluvial
foram ajustadas utilizando-se o método de regressão não-linear de Gauss-Newton. O teste de
aderência de Kolmogorov-Smirnov, utilizado para a verificação do ajuste dos modelos aos dados
de chuvas intensas, evidenciou que o modelo de Gumbel foi o que melhor se ajustou para a
maior parte das combinações entre estações pluviográficas e durações estudadas. Foram
evidenciadas, para uma mesma duração, grandes variações nas intensidades de precipitação
entre as estações estudadas.
Palavras-chave: intensidade-duração-freqüência, estações pluviográficas, modelos probabilísticos e
High intensity rains in the Bahia State - Brazil High intensity rains in the Bahia State - Brazil
Abstract: This study was conducted for fitting probabilistic models to data of rain storms. The act
intensity-duration-frequency relationships were established for 19 locations in Bahia State. Series
with the annual maximum rainfall intensities for the durations of 10, 20, 30, 40, 50, 60, 120,
180, 240, 360, 720 and 1440 min were used. Significant differences were observed in the
maximum rainfall intensity values among the studied stations. The models utilized were Gumbel,
Log-Normal (with two and three parameters), Pearson and Log-Pearson III. The KolmogorovSmirnov test was used to analyze the correlation between the model results and the rainfall data.
The Gumbel model presented the best results for each duration. The intensity-duration-frequency
equations were obtained using the Gauss-Newton method for non linear regression.
Key words: intensity-duration-frequency equation, precipitation stations, probabilistic models ds
Protocolo 064 - 8/5/2001
INTRODUÇÃO
O conhecimento da equação que relaciona intensidade,
duração e freqüência da precipitação pluvial, apresenta grande
interesse de ordem técnica nos projetos de obras hidráulicas,
como dimensionamento de vertedores, retificação de cursos
d’água, galerias de águas pluviais, bueiros, sistemas de drenagem agrícola, urbana e rodoviária, dentre outros.
As dificuldades para a obtenção das equações de chuvas
intensas decorrem de limitações referentes aos dados disponíveis, tanto em termos de densidade da rede pluviográfica,
como em relação ao pequeno período de observações disponível; além disso, para a determinação dos parâmetros da
equação de chuvas intensas é necessário exaustivo trabalho
de análise, interpretação e codificação de grande quantidade
de dados (Hernandez, 1991).
363
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.6, n.2, p.362-367, 2002
Chuvas intensas no Estado da Bahia
A partir dos gráficos apresentados por Pfafstetter (1957),
Denardin & Freitas (1982) ajustaram equações matemáticas que
possibilitaram o cálculo das alturas pluviométricas, em função
da duração da precipitação e do período de retorno, utilizandose o método de regressão linear múltipla, para 80 estações
pluviográficas distribuídas por todo o Brasil. Nesse estudo,
no Estado da Bahia foi feita a determinação apenas para a
cidade de Salvador. Froehlich (1993) descreveu um método
gráfico considerando mapas de precipitações já disponíveis
que permitiu obter-se, para qualquer localidade dos Estados
Unidos, os parâmetros associados à várias formas de equações
de intensidade de precipitação para durações de uma hora ou
menos. Fendrich (1998) obteve as equações de chuvas intensas
e gerou os gráficos de intensidade-duração-freqüência para 31
estações pluviográficas localizadas no Estado do Paraná.
As
séries históricas utilizadas no estudo possuíam períodos de 10
a 37 anos, com exceção da estação de Curitiba–Prado Velho
(PUC), com apenas oito anos de dados. Pinto et al. (1996)
obtiveram as equações de intensidade-duração-freqüência da
precipitação pluvial para 29 estações pluviográficas do Estado
de Minas Gerais, com base num período de 11 anos (1983-
1993) com exceção de três estações, nas quais foi empregado
um período-base de oito anos. Silva et al. (1999) estimaram os
parâmetros da equação de intensidade-duração-freqüência da
precipitação para 13 localidades do Estado do Rio de Janeiro
e nove do Espírito Santo e realizaram, também, com base
em técnicas de interpolação disponíveis em Sistemas de
Informações Geográficas (SIG’s), a espacialização dos
parâmetros de ajuste da referida equação, para qualquer
localidade dos dois Estados. Freitas et al. (2001) analisaram as
séries históricas de precipitação pluvial de 193 estações
pluviográficas localizadas no Estado de Minas Gerais e nos
limites dos Estados da Bahia e Espírito Santo, objetivando
ajustar modelos teóricos de distribuição de probabilidade
aos dados de chuvas intensas e estabelecer a relação entre
intensidade, duração e freqüência da precipitação pluvial,
para essas estações.
A análise dos resultados obtidos permitiu
verificar-se que existe grande variabilidade das intensidades
máximas ao longo do tempo, fato comprovado pelos altos
desvios-padrão das séries anuais de intensidades máximas
médias de precipitação pluvial encontrados para as diversas
estações e durações estudadas. Verificaram, também, que o
modelo de Gumbel foi o que apresentou melhor ajuste aos
dados de intensidades máximas médias de precipitação pluvial
pelo teste de Kolmogorov-Smirnov, a 20% de probabilidade,
para todas as durações estudadas.
Em decorrência da grande dificuldade na obtenção dos
dados pluviográficos, a maioria dos estudos de chuvas intensas
possui séries inferiores àquela recomendada pela Organização
Mundial de Meteorologia (OMM), que é de 30 anos. Entretanto,
Aron et al. (1987), objetivando determinar curvas regionais de
intensidade, duração e freqüência de precipitação pluvial para
o Estado da Pennsylvania (EUA) utilizaram séries históricas
de 10 anos de duração. Já Button & Ben-Asher (1983) utilizaram
séries com oito anos de dados para obtenção da relação entre
intensidade, duração e freqüência, na região de Avdat, Israel.
Segundo Aouad (1982) uma dificuldade imposta à análise
da dinâmica do clima no Estado da Bahia é a sua própria posição
geográfica, em face dos principais sistemas atmosféricos que
ali atuam.
O caráter transicional de seu espaço leva à dificuldade de identificar-se, com maior precisão, os sistemas
meteorológicos que atingem essa área.
O território baiano é atingido por diferentes correntes de
circulação, sendo que as de atuação mais efetivas se referem
ao anticiclone semifixo do Atlântico Sul, notadamente pela sua
periferia mais seca (alísios de sudeste) responsáveis, em parte,
pela tendência à aridez no Estado da Bahia.
Os alísios de
sudeste atuam e ultrapassam o Estado da Bahia durante todo o
ano, implicando em bom tempo, na maioria das vezes.
Um outro sistema mais complexo e que se configura também
no corpo do anticiclone mencionado, refere-se às correntes
perturbadas de leste, que produzem instabilidade e mau tempo.
As correntes do sul constituem outra poderosa corrente de
circulação; são geradas no anticiclone migratório polar,
atravessando o Estado da Bahia, notadamente no setor
litorâneo, precedidas pela Frente Polar Atlântica (FPA). A
distância, consideravelmente grande, da sua fonte, faz com
que essas correntes cheguem ao território baiano bastante
tropicalizadas; entretanto, causam efeitos no regime pluviométrico da região. Do interior do continente pode atingir o
território baiano outro tipo de corrente, também associada ao
dinamismo de propagação da FPA.
Na faixa litorânea, a regularidade das precipitações é
assegurada pela atuação de dois sistemas meteorológicos: as
perturbações de leste, que produzem instabilidade e mau tempo,
especialmente no setor setentrional, e as frentes frias, que
causam chuvas frontais no setor litorâneo.
Devido a grande carência de informações relativas às
equações de chuvas intensas para a maioria das localidades
do Estado da Bahia, a alternativa para a realização de projetos
de obras hidráulicas tem sido utilizar-se informações dos
postos pluviográficos mais próximos da localidade na qual o
projeto é realizado; este procedimento, entretanto, pode
levar a estimativas pouco confiáveis, em função da grande
variabilidade espacial dos dados de precipitação pluvial. Neste
contexto, tendo em vista a importância que representa o
conhecimento da equação que relaciona intensidade, duração
e freqüência da precipitação pluvial para a realização de projetos hidroagrícolas, desenvolveu-se o presente trabalho, com
os seguintes objetivos: (1) ajustar modelos teóricos de
distribuição de probabilidade aos dados de chuvas intensas
de 19 estações pluviográficas localizadas no Estado da Bahia,
e (2) estabelecer a relação entre intensidade, duração e
freqüência da precipitação, a partir dos registros pluviográficos
das referidas estações.
MATERIAL E MÉTODOS
Neste trabalho foram utilizados os dados pluviográficos
disponíveis para o Estado da Bahia, pertencentes à rede
hidrometeorológica da Agência Nacional de Energia ElétricaANEEL, perfazendo 19 estações pluviográficas selecionadas
(Tabela 1), com séries históricas de 10 a 24 anos de observações,
abrangendo o período de 1975 a 1999. Ressalta-se que não foi
adotado um período-base de estudos para todas as estações
pois, ao se analisar os dados disponíveis para as estações
364
Estação Município Código Altitude
(m)
Latitude (S)
(graus)
Longitude (W)
(graus) Período No
de Anos
Argoim Rafael Jambeiro 01239007 159,0 12o
35’06” 39o
31’06” 1988-1995
1997-1999 11
Barreiras Barreiras 01245009 444,0 12o
08’00” 45o
00’00” 1988-1999 12
Brotas de Macaúbas Brotas de Macaúbas 01242015 837,0 12o
00’13” 42o
37’42” 1988-1999 12
Cândido Sales Cândido Sales 01541001 676,0 15o
30’18” 41o
13’45” 1988-1999 12
Carinhanha Carinhanha 01443002 440,0 14o
18’16” 43o
46’05” 1981-1986
1989-1999 17
Fazenda Porto Alegre Cocos 01444017 500,0 14o
16’06” 44o
31’18” 1981-1986
1988-1999 18
Fazenda Refrigério Ibipeba 01142020 489,0 11o
21’22” 42o
16’25” 1988-1999 12
Formosa do Rio Preto Formosa do Rio Preto 01145012 488,0 11o
03’00” 45o
12’00” 1987-1999 13
Ipiaú Ipiaú 01439014 142,0 14o
10’15” 39o
41’23”
1988-1989
1991-1994
1996-1999
10
Itamaraju Itamaraju 01739005 80,0 17o
02’43” 39o
32’37” 1975-1986
1988-1999 24
Itapebi Itapebi 01539006 80,0 15o
57’39” 39o
31’34” 1975-1986 12
Ituberá Ituberá 01339012 114,0 13o
48’38” 39o
10’09” 1989-1999 11
Juazeiro Juazeiro 00940024 370,0 09o
24’20” 40o
30’12” 1988-1999 12
Medeiros Neto Medeiros Neto 01740005 180,0 17o
22’33” 40o
13’17” 1975-1986
1988-1999 24
Morpará Morpará 01143020 418,0 11o
34’00” 43o
18’00” 1988-1991
1994-1999 10
Ponte Serafim Barreiras 01145013 713,0 11o
53’46” 45o
36’43” 1987-1999 13
Santa Cruz da Vitória Santa Cruz da Vitória 01439044 243,0 14o
57’32” 39o
48’27” 1988-1999 12
Santa Maria da Vitória Santa Maria da Vitória 01344017 437,0 13o
24’02” 44o
11’51” 1988-1989
1991-1999 11
Teodoro Sampaio Teodoro Sampaio 01238051 116,0 12o
18’01” 38o
38’38” 1988
1991-1999 10
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.6, n.2, p.362-367, 2002
D.D. da Silva et al.
pluviográficas, verificou-se que elas não tinham períodos
coincidentes. Assim, adotou-se como critério, o uso de todo o
período de dados disponível para cada uma das estações
visando-se, desta forma, aumentar o período de obtenção das
informações sobre as chuvas intensas.
A equação utilizada para relacionar intensidade, duração e
freqüência da precipitação pluvial apresentou a seguinte forma
geral (Villela & Mattos, 1975):
( )c
a
t b
k T i
+ =
em que:
i - intensidade máxima média de chuva, mm h-1
T - período de retorno, anos
t - duração da chuva, min
k, a, b, c - parâmetros empíricos que dependem da estação
pluviográfica
O mapa do Estado da Bahia com a localização das estações
pluviográficas utilizadas no trabalho é apresentado na Figura 1.
Os dados de precipitação pluvial foram obtidos com base
nos pluviogramas que apresentaram chuvas mais intensas em
cada ano do período estudado, cujo procedimento possibilitou
a seleção de 879 pluviogramas. As séries históricas foram
utilizadas sem o preenchimento de falhas, devido ao fato do
uso de regressão linear, tanto simples como múltipla, ter
apresentado baixos coeficientes de determinação. Foi realizada
a leitura dos pluviogramas selecionados com o objetivo de se
obter as alturas pluviométricas máximas anuais nos tempos de
10, 20, 30, 40, 50, 60, 120, 180, 240, 360, 720 e 1440 min em
cada uma das estações selecionadas.
Pela divisão das alturas
pluviométricas máximas pela duração correspondente, obtevese a intensidade máxima média de precipitação.
Tabela 1. Caracterização das estações pluviográficas selecionadas para o Estado da Bahia
Figura 1. Mapa do Estado da Bahia com a localização das estações
pluviográficas
365
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.6, n.2, p.362-367, 2002
Chuvas intensas no Estado da Bahia
As séries históricas de intensidades máximas médias de
precipitação pluvial, correspondentes às diversas durações,
foram submetidas à análise estatística para identificação do
modelo probabilístico que apresentasse melhor ajuste aos dados.
Os modelos de distribuição de eventos extremos máximos
ajustados, foram: Gumbel, Log-Normal a dois e três parâmetros,
Pearson e Log-Pearson III e a seleção da distribuição de
probabilidade que melhor se ajustou às séries históricas foi
efetuada utilizando-se o teste de aderência de KolmogorovSmirnov. Utilizando-se o método de regressão não-linear GaussNewton e com base nos valores de intensidade de precipitação
máxima correspondentes aos períodos de retorno de 2, 5, 10, 20,
50 e 100 anos e duração de 10, 20, 30, 40, 50, 60, 120, 240, 360, 720
e 1.440 min, foram obtidos os parâmetros da equação de
intensidade-duração-freqüência de cada estação pluviográfica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 2 são apresentados as médias e os desvios-padrão
das séries anuais de intensidades máximas de precipitação pluvial
Duração (min)
Estação 10 20 30 40 50 60 120 180 240 360 720 1440
x x x x x x x x x x x x
Argoim 95,1
(34,9)
75,1
(30,8)
61,9
(28,0)
53,3
(27,3)
45,4
(24,7)
39,7
(22,8)
22,6
(14,4)
16,3
(10,6)
12,8
(8,2)
9,0
(5,5)
4,8
(3,0)
2,5
(1,5)
Barreiras 98,0
(29,3)
81,0
(16,6)
68,6
(16,2)
59,2
(15,0)
52,9
(12,8)
46,9
(11,7)
28,5
(8,0)
20,3
(6,0)
15,8
(4,9)
11,2
(3,0)
5,9
(1,4)
3,2
(0,7)
Brotas de Macaúbas 91,7
(26,3)
73,9
(19,0)
60,9
(17,5)
52,2
(16,1)
45,1
(13,9)
38,7
(12,1)
21,0
(7,0)
15,1
(5,4)
11,7
(4,3)
8,4
(3,2)
4,4
(1,7)
2,2
(0,9)
Cândido Sales 80,4
(25,5)
66,6
(20,8)
56,4
(17,7)
49,2
(14,8)
43,4
(14,6)
38,1
(13,6)
22,2
(7,8)
15,9
(5,8)
12,7
(4,9)
9,5
(3,9)
5,4
(2,0)
3,0
(1,0)
Carinhanha 101,8
(37,3)
73,2
(24,9)
61,8
(23,4)
51,7
(20,4)
44,0
(17,8)
38,6
(15,8)
23,2
(7,3)
16,4
(4,9)
12,9
(3,7)
9,1
(2,9)
5,0
(1,8)
2,7
(1,0)
Fazenda Porto Alegre 88,3
(23,0)
74,3
(21,1)
64,9
(17,9)
56,5
(16,7)
50,2
(15,1)
44,6
(14,5)
25,8
(7,6)
18,5
(4,9)
14,3
(3,9)
10,2
(3,1)
5,7
(2,2)
3,4
(1,4)
Fazenda Refrigério 85,1
(28,6)
72,4
(28,8)
58,1
(23,1)
49,3
(19,4)
43,0
(16,1)
38,7
(13,5)
22,1
(8,1)
15,8
(5,2)
12,5
(4,0)
9,0
(3,0)
5,0
(1,7)
2,6
(0,9)
Formosa do Rio Preto 96,4
(25,8)
74,5
(16,1)
64,7
(16,2)
55,7
(13,4)
47,9
(12,1)
41,4
(10,4)
24,5
(6,3)
18,0
(5,2)
14,2
(4,1)
10,0
(2,7)
5,6
(1,6)
3,0
(0,9)
Ipiaú 87,5
(30,6)
70,8
(28,1)
57,6
(24,3)
51,4
(20,9)
44,1
(18,5)
39,5
(16,4)
25,0
(11,5)
18,8
(10,0)
14,7
(7,6)
10,4
(4,9)
5,3
(2,5)
2,8
(1,3)
Itamaraju 89,6
(32,8)
69,2
(27,5)
57,1
(23,8)
48,5
(18,2)
42,2
(14,6)
37,4
(12,5)
23,2
(7,0)
16,7
(4,8)
13,2
(3,7)
9,5
(2,6)
5,3
(1,5)
3,2
(0,9)
Itapebi 84,0
(29,9)
68,2
(22,5)
58,2
(18,1)
51,6
(19,0)
45,9
(17,9)
40,8
(16,4)
23,9
(10,0)
17,0
(7,0)
13,8
(5,2)
9,7
(3,6)
5,4
(1,9)
2,9
(1,1)
Ituberá 79,8
(25,9)
65,3
(17,7)
54,7
(15,2)
50,1
(17,5)
45,0
(17,8)
40,0
(16,9)
24,5
(8,8)
18,6
(6,5)
14,9
(5,1)
11,1
(3,8)
6,5
(1,7)
3,9
(1,1)
Juazeiro 80,0
(35,7)
65,0
(29,5)
57,5
(23,9)
49,2
(21,1)
41,9
(18,8)
36,9
(17,5)
21,7
(9,3)
16,0
(7,2)
12,7
(5,4)
8,8
(3,6)
4,6
(1,9)
2,4
(1,0)
Medeiros Neto 95,3
(39,6)
78,3
(33,0)
66,1
(28,0)
55,8
(25,1)
48,2
(22,0)
42,5
(19,2)
24,9
(10,8)
18,4
(8,2)
14,4
(6,2)
10,2
(4,2)
5,5
(2,1)
3,0
(1,1)
Morpará 79,8
(32,4)
69,8
(26,8)
54,9
(21,4)
48,2
(18,2)
42,2
(15,8)
37,3
(14,4)
22,1
(9,7)
16,4
(8,9)
13,7
(7,8)
9,7
(5,5)
5,0
(2,7)
2,5
(1,4)
Ponte Serafim 84,6
(23,9)
72,0
(19,9)
58,8
(14,4)
47,5
(11,7)
40,5
(10,3)
35,5
(8,8)
19,8
(5,0)
14,4
(4,1)
11,2
(3,4)
7,6
(2,4)
4,3
(1,3)
2,5
(0,8)
Santa Cruz da Vitória 85,3
(33,0)
72,0
(32,2)
61,4
(26,1)
52,4
(23,2)
44,5
(20,3)
39,0
(17,9)
21,6
(9,6)
15,5
(6,1)
12,2
(4,4)
9,1
(3,2)
4,9
(1,6)
2,6
(0,9)
Santa Maria da Vitória 93,8
(31,9)
76,7
(27,0)
64,3
(23,2)
54,1
(19,8)
46,8
(16,1)
42,4
(14,3)
25,2
(10,2)
18,5
(7,2)
14,9
(5,6)
10,7
(4,0)
6,1
(2,3)
3,1
(1,1)
Teodoro Sampaio 97,1
(26,6)
79,5
(24,2)
70,9
(25,1)
61,1
(22,6)
53,5
(20,1)
47,3
(17,7)
27,7
(11,4)
19,2
(7,8)
14,7
(5,8)
10,6
(4,4)
6,1
(2,4)
3,2
(1,2)
Média 89,1
(30,2)
72,5
(24,6)
61,0
(21,2)
52,5
(19,0)
45,6
(16,8)
40,3
(15,1)
23,6
(8,9)
17,1
(6,6)
13,5
(5,2)
9,7
(3,6)
5,3
(2,0)
2,9
(1,1)
Desvio 7,0
(4,7)
4,5
(5,3)
4,6
(4,4)
3,8
(4,0)
3,6
(3,5)
3,2
(3,3)
2,2
(2,2)
1,6
(1,8)
1,2
(1,4)
0,9
(0,9)
0,6
(0,5)
0,4
(0,2)
CV (%)** 7,8
(15,6)
6,3
(21,6)
7,5
(20,6)
7,2
(20,9)
7,9
(21,1)
8,0
(22,1)
9,4
(24,5)
9,3
(27,4)
9,2
(27,3)
9,7
(25,1)
11,3
(23,5)
14,3
(20,8)
Relação max./min.*** 1,28 1,25 1,30 1,29 1,32 1,33 1,44 1,41 1,42 1,47 1,52 1,76
*
Os valores entre parênteses referem-se ao desvio-padrão
** CV - Coeficiente de variação
*** A relação max/min expressa o quociente entre os valores externos de intensidade de precipitação máxima e mínima entre as localidades, para cada período
Tabela 2. Médias (x) e desvios-padrão (s)*
em mm h-1, das séries anuais de intensidades máximas médias de precipitação pluvial com
duração de 10 a 1440 minutos, para as estações pluviográficas localizadas no Estado da Bahia
366
Estação Equação R2
Argoim 1,119
0,245
(t 56,068)
8999,000T i
+ = 0,990
Barreiras 0,820
0,178
(t 19,457)
1525,758T i
+ = 0,992
Brotas de Macaúbas 1,042
0,192
(t 32,453)
4210,017T i
+ = 0,995
Cândido Sales 0,956
0,204
(t 34,463)
2828,391T i
+ = 0,995
Carinhanha 0,978
0,214
(t 21,193)
2718,147T i
+ = 0,996
Fazenda Porto Alegre ( )0,902
0,184
t 34,478
2500,000T i
+ = 0,996
Fazenda Refrigério ( )1,028
0,222
t 33,862
3950,000T i
+ = 0,993
Formosa do Rio Preto ( )0,865
0,174
t 20,021
1719,054T i
+ = 0,994
Ipiaú ( )0,882
0,232
t 32,891
2194,929T i
+ = 0,991
Itamaraju ( )1,060
0,211
t 28,605
4032,860T i
+ = 0,997
Itapebi ( )0,987
0,204
t 39,135
3586,593T i
+ = 0,996
Ituberá ( )0,948
0,207
t 45,386
3228,481T i
+ = 0,990
Juazeiro 1,093
0,242
(t 40,039)
5592,554T i
+ = 0,992
Medeiros Neto 1,107
0,227
(t 40,913)
6899,271T i
+ = 0,997
Morpará 0,783
0,233
(t 19,746)
1121,260T i
+ = 0,990
Ponte Serafim 1,073
0,181
(t 27,902)
4073,933T i
+ = 0,994
Santa Cruz da Vitória 0,989
0,239
(t 34,012)
3450,000T i
+ = 0,993
Santa Maria da Vitória 0,946
0,216
(t 29,656)
2873,405T i
+ = 0,994
Teodoro Sampaio 1,021
0,212
(t 51,820)
5850,000T i
+ = 0,994
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.6, n.2, p.362-367, 2002
D.D. da Silva et al.
correspondentes às durações estudadas, para cada uma das 19
estações do Estado da Bahia. Nesta tabela constam, também,
para cada duração, as relações máxima/mínima entre os valores
extremos de intensidade de precipitação máxima entre as diversas
localidades.
Foram observados os menores valores de intensidade máxima
média de precipitação pluvial para as durações de 10 e 30 min em
Ituberá; Juazeiro, para 20 min; Brotas de Macaúba, para a duração
de 1.440 min e Porto Serafim, para as demais durações. Por
outro lado, maiores valores de intensidade máxima média da
precipitação pluvial foram observados em Carinhanha, para a
duração de 10 min; Barreiras, para as durações de 20, 120, 180,
240 e 360 min; Teodoro Sampaio, para as durações de 30, 40, 50
e 60 min e Ituberá, para 720 e 1.440 min.
Observa-se, ainda, que
Ituberá, estação localizada no litoral baiano, mesmo apresentando
os menores valores de intensidade máxima média de precipitação
pluvial para as pequenas durações (10 e 30 min) foi também
a localidade que apresentou as maiores intensidades de
precipitação máxima média para as maiores durações (720 e
1.440 min). Conforme relatado por Aouad (1982) as correntes de
circulação que atuam no Estado da Bahia, oponentes em direção,
conferem padrões diferenciados de comportamento atmosférico,
gerando fragmentação complexa do seu território.
A análise das relações entre os valores extremos de intensidade máxima média de precipitação pluvial para cada
duração revela valores crescentes com o aumento da duração. A
relação entre os valores máximo e mínimo da intensidade máxima
média de precipitação foi de 1,28, para a duração de 10 minutos,
e de 1,76 para o tempo de 1.440 min. Isso indica que os erros
advindos da estimativa da intensidade máxima média para
determinada localidade, considerando-se os dados pertinentes
a outra localidade, tendem a crescer com o aumento da duração.
Esse fato é também evidenciado a partir da análise dos coeficientes de variação obtidos para as diversas durações, os quais
também apresentam tendência crescente com o aumento da
duração da precipitação pluvial. Face às grandes diferenças
observadas entre as intensidades máximas médias de precipitação
obtidas nas diferentes localidades para cada duração, sobretudo
as maiores, constata-se a necessidade de obtenção de equações
que representem as condições das chuvas intensas para a
localidade de interesse. Assim, a melhor maneira de minimizar as
imprecisões na estimativa da intensidade máxima média de
precipitação pluvial, é por intermédio da ampliação de estudos,
como o proposto, para um número cada vez maior de localidades.
De acordo com o teste de Kolmogorov-Smirnov, os modelos
teóricos de distribuição de probabilidade de Gumbel e Log-Normal
a dois parâmetros, foram os que melhor se ajustaram, ao nível de
significância de 20% de probabilidade, às séries de intensidades máximas anuais.
O modelo de Gumbel apresentou melhor
comportamento em número maior de ocorrências (considera-se
“ocorrência” cada combinação de estação pluviográfica e duração
da precipitação pluvial). O modelo Pearson tipo III apresentou,
também, bom comportamento, mas em número menor de ocorrências. O modelo Log-Normal a três parâmetros apresentou ajuste
adequado às séries de intensidades máximas, embora em número
ainda mais reduzido que o modelo Pearson tipo III, enquanto o
modelo Log-Pearson tipo III mostrou ajuste inadequado para a
maioria das séries de intensidades máximas analisadas.
Na Tabela 3 são apresentadas as equações de intensidadeduração-freqüência para as localidades estudadas, com seus
respectivos coeficientes de determinação.
Observa-se que os
Tabela 3. Equações de intensidade máxima média de precipitação
pluvial (i), em mm h-1, em função do período de retorno (T),
em anos, e da duração da precipitação (t), em minutos, para 19
estações pluviográficas do Estado da Bahia
367
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.6, n.2, p.362-367, 2002
Chuvas intensas no Estado da Bahia
valores dos parâmetros de ajuste (k, a, b, c) das equações
variaram bastante de uma estação para outra. O valor do
coeficiente k variou de 1121,260 a 8999,000, para as estações
de Morpará e Argoim, respectivamente, o coeficiente a, de 0,174
a 0,245, referentes às estações de Formosa do Rio Preto e
Argoim, respectivamente, o coeficiente b variou de 19,457 a
56,068, relativos às estações de Barreiras e Argoim, respectivamente e o coeficiente c variou de 0,783 a 1,119, para as
estações de Morpará e Argoim, respectivamente. Na maioria
das estações, os maiores valores do coeficiente b foram
relacionados aos maiores valores do coeficiente k. Ressalta-se
que outras combinações de coeficientes podem ser obtidas
para a relação entre intensidade, duração e freqüência, sem
causar perda significativa na precisão dos resultados.
CONCLUSÕES
Os resultados aqui apresentados permitem as seguintes
conclusões:
1. Existe grande variabilidade dos valores de intensidade
máxima média de precipitação, para uma mesma duração, entre
as localidades estudadas.
2. As relações obtidas dos valores extremos de intensidade
máxima média de precipitação pluvial para cada duração
apresentam comportamento crescente com o aumento da
duração da precipitação pluvial.
3. Os erros advindos da estimativa da intensidade máxima
média para determinada localidade, considerando-se os dados
pertinentes a outra localidade, tendem a crescer com o aumento
da duração da precipitação pluvial.
4. Os modelos teóricos de distribuição de probabilidade de
Gumbel e Log-Normal a dois parâmetros, foram os que melhor
se ajustaram às séries de intensidades máximas anuais, sendo
o modelo de Gumbel o que apresentou melhor comportamento
para a maior parte das combinações entre estações pluviográficas e durações estudadas.
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